Servidores da rede federal do Rio e dos hospitais universitários protestaram na manhã nesta quarta-feira (2 de junho) contra o sucateamento das unidades de saúde, por vacinação já e pela readmissão imediata de profissionais demitidos. Realizada em frente à entrada principal do Hospital Universitário Gafrée e Guinle (Tijuca), com apoio do Sindsprev/RJ, a manifestação foi marcada por duras críticas à política de saúde do governo Bolsonaro.
“Vivemos sob um governo que não fornece insumos às unidades de saúde nem equipamentos de proteção individual aos servidores. Um governo que demitiu mais de 4 mil profissionais contratados na rede federal e que também demite contratados dos hospitais universitários, como acontece neste momento aqui, no Gafrée e Guinle. O atual governo não leva em conta a experiência dos profissionais demitidos, e o resultado dessa necropolítica foi a interdição de quase mil leitos na rede federal, deixando a população na mais absoluta desassistência em plena covid. O mesmo governo que não respondeu às ofertas dos laboratórios e atrasou a vacinação contra a covid foi o que recentemente atendeu ao chamado da Conmebol para realizar a Copa América, uma irresponsabilidade”, afirmou Cristiane Gerardo, dirigente regional do Sindsprev/RJ.
“Aqui no Gafrée e Guinle acontece a mesma política praticada na rede federal.
Uma política que demite profissionais e instaura o caos nas unidades de saúde. Está em curso no Brasil um projeto de desmonte da saúde pública, com graves prejuízos à população. No próximo dia 7 de junho, por exemplo, acabam os contratos temporários de quase três mil profissionais da rede federal, mas o Ministério da Saúde não demonstra nenhuma intenção de tomar providências para evitar o caos. As emergências da rede federal já estão fechando por falta de recursos humanos, o que é um crime.
Por isso que nós, do Sindsprev/RJ, damos todo apoio a vocês, do Gafrée e Guinle, nesta luta em defesa do hospital”, completou Sidney Castro, também dirigente do Sindsprev/RJ.
“No conjunto do funcionalismo público, os servidores da saúde estão entre os que recebem os mais baixos salários, uma situação que tende a piorar porque a PEC 186 proíbe qualquer reajuste salarial por um período de 15 anos. Ou nos mobilizamos e nos unimos agora, ou o serviço público vai acabar por culpa desse governo genocida”, frisou Isaac Loureiro, da direção do Sindsprev/RJ.
Servidores do Gafrée e Guinle estenderam uma grande faixa com pedido para que o Tribunal Regional Federal do Rio renove as contratações temporárias de profissionais para o hospital. A faixa foi uma alusão ao processo seletivo realizado em 2015 pela Universidade Federal do Estado do Rio (UniRio), como resultado de uma ação civil pública movida pela 4ª Vara Federal do Rio, a pedido do Ministério Público Federal. Em abril deste ano, cerca de 50 contratados foram dispensados em decorrência do final do contrato. Pelo mesmo motivo, em agosto está prevista a dispensa dos 146 contratados restantes.
Segundo profissionais do Gafrée e Guinle, a dispensa de 50 contratados em abril já está prejudicando o funcionamento de setores do hospital, como a 3ª e a 4ª enfermarias.
“Como servidores, estamos expondo nossas vidas para defender a saúde da população. Mas só haverá efetiva resistência se houver a presença de todos vocês nas manifestações. Aqui não estamos falando de luta por salário, mas de luta em defesa da vida. O SUS está sendo atacado pelo governo, mas graças ao SUS é que a população vem sendo atendida. Se não fosse o SUS, o Brasil já teria mais de um milhão de mortos”, completou Sebastião José de Souza (Tão), dirigente do Sindsprev/RJ.
Servidor da rede estadual do Rio, Gilberto Mesquita também prestou solidariedade e apoio à luta dos profissionais das redes federal e universitária. Ele falou sobre a recente experiência de luta contra o fechamento do Hospital Eduardo Rabello. “Com nossas mobilizações apoiadas pelo Sindsprev/RJ, conseguimos manter o Eduardo Rabello de portas abertas. O caminho da mobilização é a única alternativa para evitar que nós, servidores da saúde, continuemos abandonados pelos governos, sem EPIs e sem condições de trabalho. Exigimos vacinação para todos, já”, disse ele, sob aplausos.
Ao final da manifestação no Gafrée e Guinle, os servidores derrubaram tinta vermelha na entrada do hospital, para simbolizar os quase 500 mil mortos por covid no Brasil, resultado da necropolítica praticada pelo governo Bolsonaro.