A mesma farsa seguida à risca por outros bolsonaristas ouvidos pela CPI do Genocídio vem marcando o depoimento da médica oncologista e imunologista Nise Yamaguchi, integrante do comando paralelo, chefiado pelo presidente Jair Bolsonaro. Ela negou reiteradas vezes na CPI do Genocídio, nesta terça-feira (1/6) ter participado de reuniões deste comando que traçava políticas relativas à pandemia do novo coronavírus, contrariando o Ministério da Saúde, a ciência e a Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Eu desconheço um gabinete paralelo, ou que integre um gabinete paralelo. Sou uma colaboradora eventual. Participo como médica, cientista”, chegou a dizer, contrariando o que declararam na CPI o presidente da Anvisa, Barra Torres e o ex-ministro da Saúde, Henrique Mandetta.
Torres chegou dizer que, na única reunião deste grupo do qual ele participou, Nise Yamaguchi defendeu a alteração da bula da cloroquina, de modo a indicar o medicamento como tratamento para covid-19. A mudança seria feita por decreto presidencial, mas Barra Torres se negou a acatar a demanda que contrariava as normas da Anvisa.
O general Walter Braga Neto, então ministro da Casa Civil e hoje na Defesa, também participou, de acordo com Barra Torres.
Do comando paralelo faziam parte vários membros que não fazem parte do governo, como médicos e os filhos do presidente.
Yamaguchi é ativa defensora do tratamento precoce da covid-19 com cloroquina e ivermectina, comprovadamente ineficazes e com risco para o paciente, e assídua frequentadora de reuniões no Palácio do Planalto. Este tipo de tratamento foi usado por Bolsonaro e seus aliados desde o início da pandemia, para se contrapor ao isolamento social e a contratação de vacinas, o que fez com que a propagação do coronavírus fugisse completamente do controle no Brasil, devendo atingir mais de meio milhão de mortos.