Era só o que faltava. Como se já não bastasse a completa destruição que promoveu na rede federal — onde demitiu mais de 4 mil profissionais contratados e aumentou ainda mais a precarização —, o Ministério da Saúde autorizou a estadualização de leitos no Hospital Federal da Lagoa (HFL). O anúncio foi feito nesta terça-feira (23/4) pelo governador bolsonarista Claudio Castro.
Já não é a primeira vez que o Ministério da Saúde, em “parceria” com governos do Rio, tenta estadualizar as unidades federais de saúde. Tentativas semelhantes a essa foram ensaiadas durante os governos de Dilma (PT) e Temer (PMDB), que não conseguiram implementá-las devido à forte resistência dos servidores e suas entidades representativas, como o Sindsprev/RJ. Resistência que agora será ainda mais necessária e urgente.
Com a estadualização da rede da federal, o objetivo da União é livrar-se de suas responsabilidades na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS).
No caso da estadualização pretendida neste momento por Bolsonaro em parceria com Claudio Castro, a situação é ainda mais grave porque a própria rede estadual de saúde já está completamente sucateada e destruída. Ou seja: além de abrir mão de suas unidades próprias, o Ministério da Saúde quer transferi-las a um governo que, como o de Castro, sequer consegue gerir os hospitais da rede estadual, onde milhares de pacientes são todos os dias jogados na mais absoluta desassistência.
Governo que, como o de Castro, no momento quer fechar o Hospital Estadual Eduardo Rabello, não faz concurso público e não implementa o Plano de Cargos e Remuneração (PCR) da saúde estadual. No entanto, mesmo que a rede estadual não estivesse sucateada, a estadualização das unidades federais continuaria sendo inaceitável, sob todos os pontos de vista. Afinal, a União não pode abrir mão de suas responsabilidades para com a saúde publica. E é disso que se trata.
Segundo denunciado pelo colunista Ancelmo Gois, a tentativa de estadualizar os hospitais federais do Rio está sendo promovida com ajuda do senador Flávio Bolsonaro e envolveria três outras unidades. O colunista também afirmou que a estadualização teria a participação do grupo privado de saúde Rede D’Or, o que é no mínimo suspeito.
É preciso dizer não à estadualização de toda e qualquer unidade federal do Rio.