A exemplo de dezenas de outros sindicatos, associações e conselhos profissionais dos trabalhadores da saúde, o Sindsprev/RJ também saúda o início da vacinação contra a covid-19 no Brasil. Vacinação que — diga-se aqui — vem sendo implementada apesar do governo Bolsonaro e da gestão Pazuello no Ministério da Saúde.
Cumprindo rigorosamente as ordens de seu chefe Bolsonaro, a gestão de Eduardo Pazuello tem sido marcada por um festival de incompetência e desinformação jamais visto na história do Brasil. Um verdadeiro desastre administrativo, sob todos os pontos de vista. Por exemplo: quando, em outubro de 2020, dezenas de países já se antecipavam para montar as logísticas de seus respectivos planos de imunização — comprando vacinas, seringas e agulhas —, o Ministério da Saúde estranhamente permanecia em berço esplêndido, agindo como se o mundo não vivesse uma situação de grave emergência sanitária que já matou 2 milhões de pessoas em todo o planeta (210 mil delas aqui no Brasil).
Ao mesmo tempo em que pouco (ou quase nada) fazia para organizar um efetivo plano nacional de imunização, a gestão Pazuello em nenhum momento buscou acelerar o processo. Ao contrário. Em dezembro de 2020, quando questionado sobre uma provável data de início da vacinação no país, Pazuello chegou ao absurdo de afirmar que a imunização só começaria a partir de fevereiro, e que a Anvisa precisaria de no mínimo dois meses para avaliar e aprovar qualquer vacina.
Enquanto isso, Bolsonaro continuava promovendo seus inaceitáveis ataques à vacinação. Primeiro, ao defender que a imunização não fosse obrigatória, o que é inaceitável por ser a covid uma doença contagiosa. Depois, ao atacar diretamente a Coronavac, por ser a vacina de origem chinesa e produzida em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo, estado governado por seu rival, João Dória (PSDB).
Com a explosão da segunda onda da covid em todo o Brasil e o aumento exponencial do número de casos e óbitos neste mês de janeiro, o governo Bolsonaro, contudo, teve que aparentemente se render às evidências e tomar atitudes concretas em relação à pandemia. Foi aí que o governo produziu uma encenação ainda mais ridícula e digna de um pastelão de terceira categoria: fretou um avião da companhia aérea Azul para supostamente buscar 2 milhões de doses da vacina de Oxford-AstraZêneca. Uma farsa que não durou sequer 48h, sendo desmascarada pelo próprio governo indiano, que afirmou não ter sido avisado da busca das vacinas e que primeiro era preciso vacinar a população daquele país.
Ao ver que sua manobra não funcionou, o governo Bolsonaro então partiu para uma última e desesperada tentativa de ‘não ficar mal’ na foto: no dia 14 de janeiro, na maior cara de pau, o Ministério da Saúde requisitou formalmente ao Instituto Butantan todos os 6 milhões de doses de coronavac produzidas em parceria com a China. Ou seja: o governo Bolsonaro requisitava uma vacina (Coronavac) que ele desde o início combateu e desdenhou, numa demonstração de cinismo e oportunismo sem precedentes.
A manobra, porém, fracassou, uma vez que a vacinação contra a covid no Brasil foi iniciada na tarde do último domingo (17/1), imediatamente após a Anvisa aprovar emergencialmente o uso de duas vacinas no país (Coronavac e Oxford-AstraZêneca).
Independente de quem promoveu ou iniciou a vacinação, o fato é que a aprovação das vacinas contra a covid é uma vitória da Ciência, uma vitória do Sistema Único de Saúde (SUS), uma vitória da saúde contra a morte, a ignorância e o negacionismo dos que, como o governo Bolsonaro e seus aliados, sempre tentaram minimizar a gravidade da pandemia e debocharam das medidas de distanciamento social.
Não fosse a pressão de governos estaduais e prefeituras, de profissionais de saúde, sindicatos, associações, conselhos e entidades da sociedade civil, a vacinação até hoje não teria sido iniciada, em parte alguma.
A vacinação é uma vitória da Ciência e do SUS, mas está acontecendo apesar do governo Bolsonaro e de Pazuello, cuja gestão, infelizmente, desmoralizou por completo o Ministério da Saúde.