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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Em nova manifestação, contratados exigem anulação de certame e denunciam caos iminente na rede federal

“Desde o início da pandemia da covid, os profissionais contratados da rede federal do Rio arriscaram sua saúde para atender e salvar as vidas de milhares de pacientes. A população inclusive reconheceu o valor desses profissionais e os chamou de heróis. Mas agora o governo Bolsonaro quer usar o certame para forjar a demissão desses profissionais e gerar o caos em toda a rede”. Em tom de forte crítica, Cristiane Gerardo, diretora regional do Sindsprev/RJ, resumiu a indignação dos contratados da rede federal que, na manhã desta quarta-feira (4/11), protestaram em frente ao Instituto Nacional de Cardiologia (INC) contra as irregularidades do processo seletivo aberto pelo Ministério da Saúde em agosto deste ano, com vistas ao preenchimento de 4.117 vagas.

Concentrados inicialmente na porta do INC, os profissionais da rede federal abriram faixas e cartazes exigindo a imediata anulação do certame, que excluiu mais de 90% dos profissionais atualmente em exercício na rede federal. Profissionais que, embora tenham experiência  comprovada e preencham todos os requisitos exigidos pelo edital do processo seletivo, não conseguiram pontuar ou se classificar. Dia 29/10, o Ministério publicou a resposta formal aos recursos apresentados pelos cerca de três mil candidatos prejudicados ao se inscreverem no certame: a maioria esmagadora dos recursos foi indeferida. “Sou enfermeira do Hospital Federal de Bonsucesso e tenho seis anos de comprovada experiência profissional. Apesar disso, eu tive minha pontuação zerada. Não podemos desistir. Com esse governo fraudulento, temos é que partir para cima deles”, afirmou a contratada Ana Cristina Alves Souza.

Após a concentração inicial, os profissionais desceram a rua das Laranjeiras em passeata até as proximidades do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines). Depois, retornaram também em passeata ao INC, num percurso que totalizou cerca de 40 minutos.

Manifestação se concentrou inicialmente na porta do INC – Foto: Mayara Alves.

“O que o Ministério da Saúde está fazendo com esses profissionais é uma completa desumanidade. O governo quer demitir esses profissionais, jogando fora a grande experiência e dedicação que eles já demonstraram ter em relação à saúde da população. Queremos dizer que não vamos abandonar vocês. Exigimos a anulação imediata do certame. Chega de fraude”, completou Sidney Castro, também dirigente do Sindsprev/RJ.

“Todos nós sempre defendemos a realização de concurso público como forma de promover a recomposição da força de trabalho no âmbito do SUS. Mas, diante da necessidade de manter os atendimentos à população, temos que apoiar a luta dos profissionais contratados da rede federal, que estão sendo desrespeitados pelo atual governo. Um governo que já demonstrou não ter o menor compromisso com a saúde pública”, frisou Sebastião José de Souza, da direção do Sindsprev/RJ.

Durante a passeata, dirigentes e profissionais contratados da rede federal revezaram-se no carro de som com apelos para que a população apoie a luta pela anulação do certame e em defesa do SUS. A postura do Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que se internou num hospital privado após ser diagnosticado com covid, foi amplamente repudiada e denunciada pelos trabalhadores.

Outra denúncia foi sobre o certame: a inscrição do atual coordenador-geral de gestão de pessoas do Ministério da Saúde, Eduardo Lapa, aprovado para uma vaga de médico, embora tenha formação de gestor.

Alguns dizeres contidos nos cartazes e faixas exibidos durante a manifestação foram: “cancela o certame, já”; “fraude no certame”; e “ontem éramos heróis, hoje somos demitidos”.

“Hoje a nossa resistência é para evitar que, na rede federal, aconteça o que já ocorreu nas redes estadual e municipal, onde a saúde foi entregue às chamadas ‘organizações sociais’, formas disfarçadas de privatização que só serviram para enriquecer empresários e alguns parlamentares, deixando a população na mais absoluta desassistência. Não devemos e não podemos ter nenhuma ilusão no atual governo. Por isso exigimos a anulação do certame na rede federal”, concluiu Cristiane Gerardo.

O Sindsprev/RJ ingressou com uma ação na Justiça pela anulação do certame, mas a Justiça deu 30 dias de prazo para que a Advocacia-Geral da União [AGU] se pronuncie.

Os contratos dos profissionais de saúde atualmente em atividade na rede federal do Rio expiram no próximo dia 31 de dezembro.

 

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