Em plena pandemia da covid, o Ministério da Saúde quer impor o retorno do ponto biométrico nas unidades federais do Rio de Janeiro, o que atenta contra as mais elementares medidas de emergência sanitária. O retorno das máquinas de ponto biométrico vai inevitavelmente causar enormes aglomerações em torno desses equipamentos, aumentando assim o risco de contaminação pelo novo coronavírus entre servidores e pacientes.
Na segunda-feira (3/8), o Sindsprev/RJ entrou em contato com a Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas (COGEPE) do Ministério da Saúde, em Brasília, com pedido para que a medida seja imediatamente suspensa.
Em algumas unidades, como no Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), a gestão já se decidiu por não restabelecer neste momento o ponto biométrico. É o caso do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB). Assinado pela diretora-geral daquela unidade, Cristiane Rose Jourdan Gomes, um ofício circular de 31 de julho destaca inclusive a impossibilidade de o HFB implantar o ponto eletrônico, uma vez que, das 14 máquinas existentes no hospital, apenas 5 têm efetiva capacidade de funcionamento.
“Da mesma forma que o Hospital de Bonsucesso, os gestores de outras unidades federais de saúde também não têm motivos para insistir no retorno do ponto biométrico, até porque a contaminação pela covid continua subindo e ainda está muito longe de uma estabilização. Em vez de impor o ponto biométrico, o governo deveria é se preocupar em proteger a saúde de servidores e pacientes, fornecendo EPIs e condições de trabalho adequadas para o atendimento à população”, afirmou Sidney Castro, da direção do Sindsprev/RJ.
Além de contribuir para a maior disseminação da covid entre servidores e pacientes das unidades federais, as máquinas de ponto biométrico do Sistema Eletrônico de Registro de Frequência (SIREF) sempre tiveram inconsistências até hoje não solucionadas pelo Ministério da Saúde. Entre as inconsistências denunciadas pelos servidores — e apontadas em dossiê entregue pelo Sindsprev/RJ ao Ministério Público do Trabalho — estão inúmeros casos em que a marcação da presença é feita, mas o sistema não computa; problemas na leitura das digitais, não reconhecendo o servidor cadastrado ou computando sua marcação para outro servidor; aparelhos calibrados com horários diferentes ou mesmo o apagamento total de informações anteriormente coletadas, prejudicando os servidores até mesmo nos requerimentos de aposentadorias, transferências e remoções.