Mais um depoente importante será ouvido sobre o jantar da propina, nesta quinta-feira (26/8), pela CPI do Genocídio. É o ex-funcionário da Agência Nacional de Vigilância (Anvisa) José Ricardo Santana, que participou do jantar, no dia 25 de fevereiro, no qual o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, teria pedido propina em negociação para a compra de vacinas.
Segundo o cabo da PM Luís Paulo Domguetti, que atuava como representante da empresa americana Davati Medical Supply, neste jantar Ferreira Dias teria pedido US$ 1 de propina por cada dose que fosse adquirida da vacina AstraZeneca, em uma negociação em que a Davati seria a intermediária. A empresa prometia fornecer 400 milhões de doses. Por decisão do STF, o depoente não será obrigado a dizer a verdade, podendo se manter em silêncio.
A empresa Davati Medical Supply buscou o Ministério da Saúde para negociar 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca com uma proposta inicial de US$ 3,5 por cada uma – depois disso, passou para US$ 15,5.
O encontro para as negociações ocorreu em um jantar no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, Região Central da capital federal, em 25 de fevereiro.
Dominguetti disse que o diretor de Logística do Ministério, Roberto Ferreira Dias, cobrou propina durante o jantar. “O caminho do que aconteceu nesses bastidores com o Roberto Dias foi uma coisa muito tenebrosa, muito asquerosa”, disse Dominguetti.
Roberto Dias foi indicado ao cargo pelo líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). Sua nomeação ocorreu em 8 de janeiro de 2019, na gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM).
Dominguetti Pereira é cabo da PMMG e trabalha em Alfenas, no Sul do estado. O nome dele aparece em 37 processos judiciais, segundo o site G1, e, após uma passagem por Belo Horizonte, ele teria se mudado devendo quatro meses de aluguel.
A essa altura, a CPI já sabe, até pelas informações dadas em uma entrevista pelo dono da Davati, Herman Cárdenas, que a empresa não tinha uma dose sequer de vacina. Não tinha nem aval da AstraZeneca para negociar o imunizante. Cárdenas afirma ter sido enganado pelos seus representantes no Brasil.
Santana, o depoente de hoje na CPI, tem ligações também com o dono da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano.
A Precisa é atravessadora em outra negociação, a da vacina indiana Covaxin.