O governo Bolsonaro deve anunciar, após o Carnaval, a possível prorrogação do auxílio-emergencial, que passaria a vigorar a partir de março. De acordo com o plano em estudo, a nova rodada de repasses seria composta por três parcelas de R$ 200,00, ficando restrita a metade dos trabalhadores atendidos em 2020 pelo programa.
O valor de R$ 200,00, no entanto, é menos da metade dos R$ 600,00 pagos ano passado como auxílio-emergencial, que consumiu R$ 294 bilhões do orçamento público.
O anúncio da possível prorrogação do auxílio está sendo feito pelo governo após pressões de parlamentares, governos estaduais, prefeituras, partidos políticos, sindicatos, associações e movimentos sociais, entre outras entidades da sociedade civil. Para resistir à prorrogação, o governo tem alegado falta de recursos. No entanto, os R$ 294 bilhões gastos com o pagamento do auxílio em 2020 são bem menores que os R$ 348 bilhões concedidos pelo governo federal a grandes empresas, sob a forma de isenções de impostos e incentivos tributários. Dinheiro que deveria ter entrado no caixa do estado, mas do qual Bolsonaro abriu mão em benefício das (já altíssimas) margens de lucro das grandes empresas.
A conclusão é que, para prorrogar o auxílio, o Estado brasileiro tem, sim, onde arranjar os recursos necessários: basta cancelar imediatamente todas as pornográficas e inaceitáveis isenções fiscais concedidas a grandes empresas.
É absolutamente vergonhoso que o governo proponha R$ 200,00 como auxílio-emergencial, como se os 66 milhões de brasileiros em situação de extrema pobreza pudessem se alimentar durante todo um mês com esse dinheiro.
Outro fator, além da pressão de parlamentares e de importantes setores sociais, vem contribuindo para que o governo comece a falar em prorrogação do auxílio-emergencial: a abrupta queda de popularidade de Bolsonaro, constatada em pesquisa do Instituto DataFolha divulgada dia 22 de janeiro. Segundo a pesquisa, a avaliação de péssimo/ruim do governo Bolsonaro subiu de 32% para 40% da população, sobretudo dos setores de menor renda.