A cada vez maior utilização dos serviços contidos nos aparelhos de telefonia móvel portáteis pode levar a uma dependência extrema e à nomofobia, que é o vício do uso do celular com sérias consequências psicológicas e sociais. O altera foi feito pelo professor Sidélio Mendes, durante a roda de conversa “Celular na família, o impacto em nossa sociedade”, no auditório do Sindsprev/RJ, no último dia 29. O evento foi organizado pelo Fórum de Qualidade de Vida e Saúde, GT dos Aposentados do Sindsprev/RJ.
O termo nomofobia tem origem nas palavras No-Mobile, ou seja, sem o telefone móvel. Nomofobia, portanto, significa o medo de ficar sem um aparelho de comunicação móvel. “Resumindo, é o vício do celular. Aumenta cada vez mais o número de pessoas que não conseguem ficar longe da telinha. Vivemos num mundo em que o celular está se tornando mais importante que as pessoas, rotineiramente deixadas de lado e substituídas pelo aparelho móvel e seus múltiplos serviços”, constatou o professor.
Mostrou imagens de casais ou amigos em uma mesa de restaurante consultando o celular, lendo e enviando mensagens, ou fazendo pesquisas na internet. Desta forma, as redes sociais, criadas sob o argumento de aproximar as pessoas, acabam por isolá-las. “O contato social é prejudicado até em casa, onde a família quase não conversa porque estão todos ocupados com o celular”, disse. Citou o Professor de marketing da faculdade de Administração da Universidade de Nova York, Adam Alter. Adam revela que o problema com os aplicativos dos celulares é que se apoiam em algorítimos sedutores. “O problema com esse vício, além do mais, é que não se pode remover a substância que vicia porque todo mundo está usando essa tecnologia”, afirma em seu livro Irresistible.
“A grande questão é que temos estes aparelhos amplamente disponíveis de forma tão próxima que não precisamos mover nossos pés durante o dia para alcançá-los”, constatou Sidélio. Acrescentou que as pessoas se veem presas ao uso dos aplicativos de celular por aspectos psicológicos. “Os likes que recebemos por uma foto que postamos nos dão prazer. O celular nos traz uma sensação de conforto e satisfação, bem estar e poder. Alcançar um número grande de seguidores gera um prazer imediato. E isso nos torna dependentes. É cada dia mais difícil resistir”, frisou.
Listou, além dos prejuízos sociais, outros à saúde que o uso exacerbado e incontrolável do celular nos traz. Entre estes, danos à vista, prejuízos à coluna, ao sono, acne, além de atrapalhar os relacionamentos interpessoais. “Precisamos estar atentos. A dependência desta tecnologia provoca ainda isolanento social, agressividade, piora no rendimento escolar e no trabalho, com a baixa da produtividade”, acrescentou. “Precisamos voltar a nos reunir para almoçar em família, priorizar o diálogo também durante encontros com amigos e namorados ou namoradas. Nos controlar e deixar de lado os aparelhos nestas ocasiões.
Lembrou que o uso do celular aumentou o número de acidentes no trânsito. “Hoje esta é a maior causa de acidentes no país”, lembrou. Também cresceu o número de atropelamento de pedestres pelo mesmo motivo. “O aparelho substituiu o calendário, o relógio, a tevê, o rádio, mas não deixe que ele substitua sua família e seus amigos”, aconselhou.
“As pessoa tentam se convencer que o celular não interfere na sua vida. Mas isso acontece. A tecnologia tem o seu lado bom e o seu lado negativo. Está trazendo as pessoas para perto de nós, mas, ao mesmo tempo, afastando-as. O abuso na utilização da tecnologia impacta negativamente a nossa qualidade de vida, saúde e nossa felicidade. Impacta, igualmente, as pessoas à nossa volta. Devemos nos perguntar: o que ganhamos se a telinha nos causa vício? Qual o impacto deste vício sobre nós? E qual a solução para este problema?”, questionou.